Trama golpista: Mauro Cid e Marcelo Câmara participam de acareação no STF nesta quarta
13/08/2025
(Foto: Reprodução) Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro, é preso pela PF
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), vai participar nesta quarta-feira (13) de uma acareação com o coronel Marcelo Câmara, também ex-assessor do presidente. Os dois ficarão frente a frente no Supremo Tribunal Federal (STF).
O procedimento é uma etapa da ação penal que tramita na Suprema Corte contra Câmara e outros cinco réus por envolvimento na tentativa de golpe de Estado.
Cid também é réu em outra ação penal sobre o mesmo tema, que concentra as acusações sobre o chamado "núcleo crucial" da organização criminosa que buscou a ruptura democrática.
Mauro Cid depõe ao STF sobre a trama golpista
Gustavo Moreno/STF
Núcleo de gerenciamento de ações
Marcelo Câmara é réu no chamado "núcleo de gerenciamento de ações" da tentativa de golpe de Estado.
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), os réus deste núcleo desempenharam papéis de coordenação em ações golpistas.
Entre as ações que o grupo desempenhou está o uso da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para dificultar o voto de eleitores do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a elaboração de uma minuta de decreto golpista e o planejamento de assassinatos de autoridades.
Marcelo Câmara é réu na ação penal que também envolve:
Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF);
Marília Ferreira de Alencar, ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça na gestão de Anderson Torres;
Fernando de Sousa Oliveira, delegado da Polícia Federal (PF) e ex-secretário-executivo da Secretaria de Segurança Pública (SSP);
Mário Fernandes, ex-número dois da Secretaria-Geral da Presidência, general da reserva e homem de confiança de Bolsonaro;
Filipe Garcia Martins Pereira, ex-assessor especial de Assuntos Internacionais de Bolsonaro.
O que precisa ser esclarecido?
A acareação foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no STF, atendendo a um pedido da defesa de Marcelo Câmara.
🔎Prevista na legislação penal, a acareação busca esclarecer contradições em depoimentos de réus e testemunhas. Os envolvidos são colocados frente a frente para tentar esclarecer fatos controversos. Pode ser realizada entre acusados, entre testemunhas ou entre acusados e testemunhas.
No pedido a Moraes, advogados de Câmara apontaram três situações que precisam ser esclarecidas:
a afirmação de Mauro Cid de que Câmara teria acessado e manipulado minutas golpistas que supostamente foram apresentadas durante reuniões de teor antidemocrático no Palácio da Alvorada;
a fala do delator de que Câmara realizou monitoramento contínuo do ministro Alexandre de Moraes e da então chapa eleita em 2022 Lula-Alckmin;
declarações de Cid sobre o conhecimento de Marcelo Câmara acerca dos motivos do monitoramento de Moraes, Lula e Alckmin e a ligação do ex-assessor de Bolsonaro com o kid preto Rafael Martins de Oliveira.
Marcelo Câmara, que está preso, vai participar do ato processual presencialmente. Moraes determinou que ele venha ao Supremo com uma tornozeleira, durante o tempo necessário para a realização da acareação. Ele não poderá se comunicar com qualquer pessoa que não seja seu advogado.
Cid já participou de acareação em junho
Mauro Cid já veio ao Supremo participar de outras acareações, no âmbito da ação penal do "núcleo crucial", em que é réu.
Arquivo: o então presidente Jair Bolsonaro (PL) conversando com o então ministro da Defesa, general Braga Netto
Gabriela Biló/ESTADÃO CONTEÚDO
Em junho, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro participou de uma acareação com o general Walter Souza Braga Netto, que foi candidato a vice-presidente nas eleições de 2022 na chapa do PL.
Na ocasião, Cid foi chamado de mentiroso por Braga Netto, que também é réu por tentativa de golpe.
Além de réu, Cid é colaborador das investigações, já que firmou acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal em 2023.