Supremo Tribunal Federal faz duas acareações na ação penal sobre tentativa de golpe em 2022
24/06/2025
(Foto: Reprodução) O ex-candidato a vice Braga Netto e o tenente-coronel Mauro Cid mantiveram as versões contraditórias. A segunda acareação foi entre o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e o ex-comandante do Exército general Freire Gomes, que é testemunha na ação penal. Braga Netto e Mauro Cid mantêm depoimentos em acareação. Contradições continuam
O STF - Supremo Tribunal Federal fez, nesta terça-feira (24), duas acareações na ação penal sobre tentativa de golpe em 2022.
As acareações foram a portas fechadas. Os ministros Alexandre de Moraes e Luiz Fux, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e advogados de alguns réus acompanharam pessoalmente. Moraes negou o pedido da defesa do ex-ministro e candidato a vice de Jair Bolsonaro, general Walter Braga Netto, para que a acareação fosse gravada. Segundo ele, para evitar pressões indevidas, inclusive por meio de vazamentos pretéritos do que seria ou não perguntado aos corréus, o que poderia comprometer a instrução processual penal.
De acordo com a ata da acareação - divulgada horas depois -, os réus mantiveram seus depoimentos e, com isso, as contradições continuaram. Uma delas, sobre uma suposta entrega de dinheiro em uma sacola de vinho que Cid disse ter recebido de Braga Netto.
Segundo as investigações, era para financiar o plano "Punhal Verde Amarelo", que previa o monitoramento e até o assassinato de autoridades. Braga Netto voltou a negar a entrega do dinheiro. Cid manteve a versão de que recebeu a sacola. O advogado de Braga Netto perguntou se ela estava lacrada ou aberta. Cid disse que teria calculado o valor aproximado pelo peso da sacola, mas que em momento algum ela foi aberta.
O advogado de Braga Netto perguntou por que Mauro Cid não se referiu à sacola de dinheiro nos primeiros depoimentos à PF. Cid disse que não se referiu à entrega do dinheiro porque estaria ainda em choque em virtude da prisão de companheiros dele.
A defesa de Braga Netto também quis saber onde ele teria recebido a entrega. Cid disse não se recordar exatamente, mas que pode ter sido em um dos três lugares onde transitava mais no Alvorada: a garagem privativa, a sala da ajudância de ordens ou o estacionamento ao lado da piscina.
Supremo Tribunal Federal faz duas acareações na ação penal sobre tentativa de golpe em 2022
Jornal Nacional/ Reprodução
A segunda acareação foi entre o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e o ex-comandante do Exército general Freire Gomes, que é testemunha na ação penal. Diante do ministro Alexandre de Moraes, o general Freire Gomes afirmou que Anderson Torres não participou das reuniões em que os comandantes militares discutiram a minuta de um decreto golpista com o então presidente Bolsonaro; e reiterou seu depoimento judicial, onde afirmou que o réu Anderson Torres, na sua presença, jamais incentivou qualquer ato fora da legalidade.
Sobre o documento encontrado pela PF na casa de Anderson Torres, Freire Gomes disse que ele tinha um conteúdo semelhante ao documento apresentado por Bolsonaro aos comandantes militares em dezembro de 2022. De acordo com a ata, a testemunha não diz que as minutas são iguais ou com conteúdos idênticos, mas sim que os conteúdos são semelhantes.
Com o fim das acareações, o processo do núcleo crucial da tentativa de golpe se aproxima do fim. Agora, o relator, Alexandre de Moraes, pode abrir prazo para as últimas manifestações do Ministério Público Federal e das defesas. Depois disso, a Primeira Turma poderá se reunir para julgar os réus e decidir se Bolsonaro e outros sete aliados são inocentes ou culpados.
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