MP-SP arquiva inquérito sobre suposta assinatura falsa, e Saul Klein perde disputa com irmão por herança das Casas Bahia
13/08/2025
(Foto: Reprodução) Saul Klein
Reprodução/Prefeitura de Araraquara
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) solicitou o arquivamento de um inquérito que investigava uma suposta falsificação de documentos assinados por Samuel Klein, o fundador das Casas Bahia. O bilionário morreu em 2014 e, desde então, uma briga pela herança se arrasta entre os irmãos Michael, Eva e Saul.
No inquérito, Saul Klein, um dos herdeiros e o caçula, alegou que o irmão mais velho, Michael Klein, teria falsificado assinaturas do pai deles para ficar com uma parte maior da herança bilionária. Michael é o testamenteiro e inventariante dos bens do pai.
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Além de investigar a autoria e a participação na suposta falsificação, o inquérito também apurava as consequências dela, como a não distribuição de dividendos das Casas Bahia em 2015 e 2019, e a venda de imóveis e créditos tributários entre 2021 e 2022.
A promotora de Justiça Karla Regis Bugarib, que assina o arquivamento, baseia a decisão em uma perícia grafotécnica que atestou a autenticidade das assinaturas questionadas.
🖊️A perícia grafotécnica é um exame técnico-científico que visa verificar a autenticidade de assinaturas, grafismos e documentos, utilizando a grafoscopia, ciência que estuda as características únicas de cada escrita.
Os peritos analisaram as assinaturas do pai presentes em diversos contratos das Casas Bahia e no testamento datado de 13 de agosto de 2013. A conclusão dos especialistas mostrou que assinaturas não apresentavam sinais indicativos de falsidade.
Segundo a perícia, os elementos técnicos observados nas assinaturas e nas rubricas revelaram "expressivas convenções gráficas que permitem às signatárias concluírem que partiram de um mesmo e único punho, sendo, portanto, autênticas".
Entenda o caso
A disputa pela fortuna bilionária de Samuel Klein se arrasta entre os herdeiros e irmãos Michael, Eva e Saul desde a morte do fundador das Casas Bahia, em 2014, sem perspectiva de desfecho.
Na semana passada, Saul, que tem 71 anos, pediu antecipação de herança após ser internado em UTI.
Segundo a defesa do empresário, condenado em R$ 30 milhões por tráfico de pessoas para fins de trabalho escravo sexual em 2023, Saul estaria sofrendo com despesas elevadas com cirurgias, internações, medicamentos, cuidadores e convênio de saúde.
O inquérito que apurava a suposta falsidade nas assinaturas foi iniciado em 2023. A investigação foi instaurada a partir de uma requisição do Promotor de Justiça Marcos Hideki Ihara e teve como base a representação de Saul, que alegava a falsificação das assinaturas atribuídas ao pai.
No decorrer do inquérito, Saul apresentou um laudo técnico contestando a autenticidade das assinaturas. Em contrapartida, Michael juntou documentos para sustentar que as assinaturas eram verdadeiras.
Na decisão de arquivamento, a promotora cita que, mesmo que houvesse indícios de um crime cometido por Michel, o Estado perdeu o direito de puni-lo devido ao tempo que se passou.
Petição contra Saul
Na semana passada, o empresário Michael Klein solicitou à Justiça o indeferimento do novo pedido de adiantamento de herança feito por seu irmão, Saul Klein.
Michael alega que o pedido de Saul, justificado por uma internação na UTI do Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, é "malicioso" e se baseia em fatos que não existem mais, se referindo a internação às pressas.
Segundo ele, o irmão quer beneficiar uma empresa para a qual cedeu parte de seus direitos hereditários.
A petição, datada de 8 de agosto de 2025, pede não apenas a negativa do adiantamento, mas também a condenação de Saul Klein por litigância de má-fé e um pedido para que o Hospital Vila Nova Star apresente o prontuário médico completo de Saul para verificar a veracidade de sua internação.
Procurada, a defesa de Michael não quis se pronunciar. Já a de Saul não respondeu ao g1 até a última atualização desta reportagem.
